quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Minha Fanfic - Soul

 Soul

Vou contar a minha história a vocês. Meu nome é Tsushi Mayumi. Tenho 16 anos e moro com minha mãe, Kumiyo Marina, meu irmão mais velho, Tsushi Kai, e meu irmão mais novo, Kumiyo Tommy. Devem estar se perguntando, “Mas e o seu pai?”...

Meu pai morreu a cinco anos, logo depois do Tommy nascer. Eu tinha 11 anos e estava no hospital junto com meu Nii-san¹. Kai estava ligando para o celular do meu pai, para avisar que o Tommy tinha nascido e que ele, mamãe, eu e o Kai estávamos bem.

Otoo-san² ficou tão feliz! Disse que iria pegar o carro e viria direto para cá, junto com Yuke Soo, seu melhor amigo e companheiro de trabalho. Eu ainda peguei o celular do nii-san e gritei “Papai, vem logo! To com saudades! Aishiteru Zutto zutto!³”. É, foram as minhas ultimas palavras ao meu pai...

Quinze minutos depois, Soo ligou pro Nii-san. Kai atendeu e, depois de conversarem um pouco, chorou.

Era a primeira vez em 11 anos da minha vida que eu via o Nii-san chorar. Sempre fora um menino, digamos, meio que insensível. Era muito difícil vê-lo chorar, quase impossível.

Nii-san desligou o telefone, enxugou as lágrimas, olhou para mim e disse: “Mayu, terás que ser o mais forte possível...” E então, ele me contou.

Otoo-san estava vindo para o hospital junto de Soo. Só que... Um grupo de homens começou a bater no vidro do carro, mandando-os descer.

Os dois obedeceram, deram todo o dinheiro que tinham no momento e a chave do automóvel. Papai sempre disse “Do que adianta dinheiro, sem aqueles que você ama?” e não foi diferente naquela situação. Ele murmurou aquela frase, diante dos bandidos. Um deles ficou extremamente irritado e atirou...

Papai morreu.

Comecei a chorar, chorar, chorar... Não parava mais. Eu queria meu pai! Queria vê-lo, beija-lo... Ouvir o “Eu te amo” dele novamente...
oOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Semanas passaram. E eu só estava trancada em meu quarto. Não saía mais pra nada. Dali a dois dias seria aniversário do Nii-san. Okaa-san³+¹ tentava me tirar do quarto a qualquer custo...

- Vamos Mayu! Vamos comprar um presente pro Kai, vamos comigo, por favor!

Eu não respondia. Mais dias passaram. Okaa-san tinha feito uma festa de aniversário para Kai. Nem para desejar parabéns eu saí do meu quarto.

No dia seguinte, Nii-san entrou em meu quarto com o almoço. Agora ele tinha treze anos. Depositou meu almoço na mesa e foi até a cama, onde eu estava deitada.

- Mayu-chan, não vai mais sair deste quarto?
- Não.
- Por quê?
- Não quero.
- É por causa do Otoo-san, não é?
- ...
- Mayu-chan, Otoo-san não iria gostar de te ver assim...
- Ele morreu Kai... MORREU! Nunca mais vai falar com a gente, NUNCA MAIS!!
- MAS A VIDA CONTINUA MAYU! Você não pode simplesmente parar a sua vida por um acontecimento doloroso! É difícil, eu sei, mas você tem que continuar!
- Quero morrer.

PAFT!

Eu mereci aquele tapa. Nii-san nunca levantou a mão para mim sem motivo algum, sempre fora muito adulto. E aquele tapa me fizera acordar.

-PARE DE FALAR BESTEIRAS, IDIOTA! – Meu irmão gritou comigo enquanto soltava algumas lagrimas – Okaa-san lutou para dar a luz a você, para educar você. Otoo-san, mesmo que por apenas 11 anos de sua vida, trabalhou muitas horas seguidas, fazendo até horas-extras, pra te dar o maior luxo possível! E é assim que você agradece? DIZENDO “QUERO MORRER”?!?!?!

O abracei firme. Como nunca havia abraçado alguém na vida. E chorei...
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Hoje, superei totalmente! Já tenho 16 anos, Kai tem 17 e Tommy tem 5. Daria a minha vida por eles. E tenho certeza que fariam o mesmo por mim. Quer dizer, o Tommy é um caso a parte, ele nem tem noção do que é morte ainda. “n_n

E hoje, como em todos os anos, vamos visitar o túmulo do otoo-san e fazer um piquenique depois! ^^ Fazemos isso, para que o papai veja que somos felizes, pra ele ficar feliz lá em cima também!

- Tommy, Mayu, Kai! Vamos filhos! A cesta com os lanches já está pronta!

Okaa-san sempre parecia mais alegre nesse dia. Apesar de ser muito jovem (Kai nasceu quando ela tinha 17 anos!) ela jamais amou outro homem.

O cemitério era perto de casa, íamos sempre a pé. Kai parecia se divertir, levando Tommy em seus ombros. Tommy o via mais como figura paterna do que como irmão.

Kai ficava diferente neste dia. Ficava mais alegre, se abria com mais facilidade. Sempre foi fechado a respeito de seus sentimentos, mas ele é um excelente irmão! Amo muito ele! ^-^

Chegamos. Ao lado do cemitério, havia uma linda praça com um campo cheio de flores, onde fazíamos nosso piquenique. Visitamos o otoo-san e fomos comer. Quando acabamos, Tommy acabou dormindo no colo da mamãe, debaixo da sombra de uma árvore frondosa. Kai se levantou e disse que iria até o cemitério novamente. Foi. Olhei para mamãe e quando ia abrir a boca para perguntar se podia acompanhá-lo, ela já respondeu...

- Pode ir atrás dele. Sei que é importante para os dois ficarem juntos nesta hora – Disse, dando um sorriso bondoso e acariciando os cabelos de Tommy.
- Hai! =D – Respondi dando um largo sorriso e correndo atrás de Kai.

Cinco minutos depois, havia encontrado o Kai. Ele estava de pé diante do túmulo do papai e...

- Está fumando Nii-san? Achei que tinha parado...

Kai entrou pro vício do cigarro aos 14 anos. Chegou até a ficar internado. Um dia, quando fui visitar ele, me disse que havia visto o papai e o médico disse que era uma alucinação da droga que há no cigarro. Depois deste acontecimento, ele parou de fumar. O que eu nunca entendi foi o porquê dele ter parado, afinal, com a droga ele poderia ver o papai, mesmo que fosse apenas uma alucinação...

- Eu parei, só fumo quando venho aqui.
- Nii-san, eu preciso te perguntar uma coisa!
- Diga.
- Se com o cigarro você conseguia ver o papai, porque parou?
- Otoo-san não apareceu por causa do cigarro. Quero dizer, ele não era uma alucinação da droga. Ele apareceu pra me alertar, pra cuidar de mim, como todo bom pai. Não queria que ele ficasse preocupado comigo e não descansasse em paz, por isso parei de fumar.
- Então porque está fumando agora?! – Eu estava ficando confusa...
- Para chamar a atenção dele e ele ver que eu, você, o Tommy e a mamãe estamos bem.
- Sabe Kai, você tem sorte de ter visto o papai mais uma vez...
- Sorte? Pra isso eu precisei sofrer e ele também. Maior sofrimento para os pais, é ver os filhos sofrerem...
- Mas olha pra você agora! Você está ótimo e ainda pôde ver o papai!
- Mas Mayu! Você pode ver o papai sempre que quiser! E sem fazê-lo sofrer!
- Como? – Ele apontou para o meu peito
- Basta olhar com o coração! – Ele deu um pequeno sorriso – Você é uma menina pura Mayu! Apesar de ter 16 anos, tem mentalidade de uma adulta e o coração de uma criança! Por isso ás vezes é tão ingênua! Mas, isso não é ruim...
- Mas eu não o vejo Kai! Eu não o vejo...
- Você ainda não está preparada... Quando estiver, você o verá, tenha certeza disso!

E dizendo isso, ele me abraçou e sussurrou em meu ouvido...

“Não esqueça... Papai te ama muito, assim como eu, mamãe e o Tommy...”
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Hoje já entendo o que o Nii-san quis dizer com aquilo. Basta eu deitar minha cabeça, relaxar o corpo, fechar os olhos e pensar no papai...

Posso conversar com ele todas as noites se quiser!

“Oras, mas isto é apenas um sonho!” você deve estar pensando.

Pra muitos pode até ser um sonho...
Pra mim, é muito mais!

Do que adianta dinheiro, sem aqueles que você ama? Do que adianta fama, posses, sem aqueles que te tornam feliz? Do que adianta a vida, se você não dá sentido a ela? Não adianta ser rico por fora, se você é pobre por dentro... Não adianta viver... Sem felicidade...

1 = Irmão Mais Velho
2 = Papai
3 = Eu te amo pra sempre e sempre!
3+1 = Mamãe

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